As curvas de crescimento referentes aos experimentos realizados com os lasers L3 e L4 são apresentadas nas figuras 5.10 à 5.14, segundo a tabela 5.6.
A figura 5.10 apresenta as curvas de crescimento de células LMF cultivadas em meio DME sem soro fetal bovino. Os cultivos não irradiados (controles) apresentaram desde o tempo zero, diminuição do número de células viáveis culminando na morte de todas as células aos 4 dias após a irradiação. Quando irradiados pelo laser L3, pôde-se observar no segundo dia um aumento significativo do número de células viáveis (15,33 x 103 1,76), quando comparado ao grupo controle (2,67 x 103 0,67. Após este valor máximo, o número de células decresceu atingindo 8,67 x 103 2,4 no 4° dia e 2,67 x 103 0,67 no 6° dia. O laser L4 provocou um aumento, porém não significativo do número de células viáveis quando comparado ao grupo controle, chegando a atingir 7,33 x 103 1,76. Aos 4 dias observou-se um decréscimo do número de células viáveis, atingindo 4 x 103 1,15 e aos 6 dias a morte da quase totalidade das células (1,33 x 103 0,67). Não houve diferença significativa entre os grupos irradiados com diferentes comprimentos de onda.
Figura 5.10: Crescimento de células LMF viáveis cultivadas em meio DME sem soro fetal bovino e irradiadas com os lasers L3 e L4.
A figura 5.11 apresenta as curvas de crescimento de células LMF cultivadas em meio DME contendo 5% de soro fetal bovino. Os cultivos não irradiados (controles) apresentaram aumento do número de células viáveis atingindo 22 x 103 ± 2,31 células aos 6 dias após irradiação. Quando irradiadas pelo laser L3 houve um aumento significativo do número de células viáveis em relação ao grupo controle atingindo 70 x 103 ± 6,11células aos 6 dias após irradiação. O laser L4 também provocou aumento significativo do número de células viáveis atingindo 54,67 x 103 ± 4,67 células aos 6 dias. Houve diferença significativa entre as curvas de crescimento das culturas irradiadas.
Figura 5.11: Crescimento de células LMF viáveis cultivadas em meio DME contendo 5% de soro fetal bovino e irradiadas com os lasers L3 e L4.
A figura 5.12 apresenta as curvas de crescimento de células LMF cultivadas em meio DME contendo 10% de soro fetal bovino. Os cultivos não irradiados (controles) apresentaram aumento do número de células viáveis atingindo 78,67 x 103 ± 6,36 células aos 6 dias após irradiação. Quando irradiados pelo laser L3 não houve aumento significativo do número de células viáveis em relação ao grupo controle atingindo aos 6 dias, 88 x 103 ± 6,11 células. O laser L4 também não provocou aumento significativo do número de células viáveis em relação ao controle, atingindo aos 6 dias 86 x 103 ± 5,03 células. Não houve diferença estatisticamente significativa entre as curvas de crescimento dos grupos irradiados em relação ao grupo controle, nem entre os grupos irradiados com diferentes comprimentos de onda.
Figura 5.12: Crescimento de células LMF viáveis cultivadas em meio DME contendo 10% de soro fetal bovino e irradiadas com os lasers L3 e L4.
A figura 5.13 apresenta as curvas de crescimento de células LMF cultivadas em meio DME contendo diferentes concentrações de soro fetal bovino as quais foram irradiadas com o laser L3. Os grupos em DME sem soro fetal bovino apresentaram aumento do número de células viáveis aos 2 dias atingindo 15,33 x 103 1,76 células, após esse valor máximo, o número de células decresceu atingindo no 6° dia seu valor mínimo com 2,67 x 103 0,67 células. Os grupos em DME com 5% de soro fetal bovino apresentaram aumento do número de células viáveis entre o 1° e o 6° dia após irradiação, com pequena redução da taxa de crescimento entre o 4° e o 6° dia. Os grupos em DME com 10% de soro fetal bovino apresentaram aumento do número de células viáveis entre o 1° e o 6° dia após irradiação, com aumento da taxa de crescimento após o 4° dia. Os grupos com SFB apresentaram número de células similares até o 2° dia; entre o 2° e o 5° dia a taxa de crescimento do grupo com 5% de SFB foi maior, sendo superado pelo grupo com 10% de SFB após este período. Não houve diferença significativa entre as curvas de crescimento das culturas irradiadas com SFB. Houve diferença significativa entre os grupos com SFB e sem SFB aos 6 dias.
Figura 5.13: Crescimento de células LMF viáveis cultivadas em meio DME contendo diferentes concentrações de soro fetal bovino e irradiadas com o laser L3.
A figura 5.14 apresenta as curvas de crescimento de células LMF cultivadas em meio DME contendo diferentes concentrações de SFB, as quais receberam irradiação com o laser L4. Os grupos em DME sem soro fetal bovino apresentaram pequeno aumento do número de células viáveis aos 2 dias atingindo 8,67 x 103 1,76 células, após esse período o número decresceu, atingindo aos 6 dias 1,33 x 103 0,67 células. Os grupos em DME com 5% de SFB apresentaram aumento do número de células viáveis aproximadamente constante entre o 1° e o 6° dia após irradiação. Os grupos em DME com 10% de soro fetal bovino apresentaram aumento do número de células viáveis quase constante até o 4° dia, e após este período um aumento na taxa de crescimento. Os grupos com concentração de SFB não apresentaram diferença significativa entre si até o quarto dia sendo que no final deste período, o grupo com 5% de SFB apresentou 40 x 103 3,46 células e o grupo com 10% de SFB, 36 x 103 4,16 células. Aos 6 dias o grupo com 5% de SFB apresentou menor número de células, atingindo 54,67 x 103 4,67, enquanto que o grupo com 10% de SFB apresentou número significativamente maior, atingindo 86 x 103 5,03 células. Houve diferença significativa entre os grupos com SFB e sem SFB aos 6 dias.
Figura 5.14 Crescimento de células LMF viáveis cultivadas em meio DME contendo diferentes concentrações de soro fetal bovino e irradiadas com o laser L4.
6. Discussão
6. Discussão
6.1. Aspectos Gerais do Laser de Baixa Potência
A bioestimulação com laser de baixa potência começou na Hungria com MESTER (1966) e a partir daí até a década de 80, foram reportados vários experimentos in vivo que visavam a estimulação do processo de cicatrização de feridas e estudos em modelos usando feridas e queimaduras em pele e mucosa de animais (BIHARI et al., 1989; ABERGEL et al., 1988; MESTER e MESTER, 1989). Os primeiros estudos foram feitos in vivo e concluíam que o laser de baixa potência afetava o processo metabólico celular e aumentava o potencial regenerativo dos tecidos biológicos (DYSON e YOUNG, 1982; TRELLES e MESTER, 1984; ABERGEL et al., 1987; TERRIBILE et al., 1988; YEW et al., 1989), tinha efeito antiinflamatório e sobre o sistema linfático (LIEVENS, 1986; 1988; TRELLES et al., 1988; 1989a; 1989b; EL SAYED et al., 1990), analgésico (WALKER, 1983; HERRERO, 1988; HANSSON, 1989) e vasodilatador (BENEDICENTI, 1982; TRELLES, 1983; MAYAYO e TRELLES, 1984; MIRÓ et al., 1984; KUBOTA e OHSHIRO, 1989).
Muitos desses trabalhos demonstravam os efeitos do laser de baixa potência e o reconheciam como terapêutico, entretanto, os autores ainda não conseguiam explicar completamente sua ação, sobretudo quando lhe atribuíram uma importante ação sistêmica (MESTER, 1977; WALKER, 1983; TRELLES et al., 1983; RUFFOLO, 1985; ANNEROTH et al., 1988; ROCHKIND et al., 1989).
Havia a necessidade, todavia, de serem feitos experimentos onde se trabalhassem com modelos mais específicos como células, ou grupo delas, isoladamente dentro de um determinado processo complexo, como é a cicatrização por exemplo, e assim se pudesse chegar a resultados mais conclusivos. Foi quando começaram a aparecer trabalhos in vitro, com modelos em cultura de células, buscando dessa forma maior facilidade para fixação de parâmetros e limitação de variáveis nesses experimentos (POURREAU-SCHNEIDER et al., 1989; 1990; YOUNG et al., 1990; KARU et al., 1991a; 19991b; 1991c; 1991d; BOLTON et al., 1991; 1992; FUNK et al., 1992; LUBART et al., 1992a; 1993; 1995).
À partir do final da década de 80, muitos autores e suas equipes como KARU e LUBART, passaram a buscar exaustivamente explicações para a elucidação dos mecanismos de ação do laser de baixa potência (KARU, 1985; 1987; 1988; 1989; 1990; 1991a; 1991b; 1991c; 1991d; FRIEDMAN e LUBART, 1992; 1996; LUBART et al., 1992b; 1993; 1995; 1996; 1997).
Sabia-se que clinicamente esses lasers não apresentavam ação quando aplicados em órgãos em condição de normalidade, e estudos in vivo demonstraram que não havia alteração significativa nos resultados obtidos em tecidos em homeostase quando irradiados (EL SAYED e DYSON, 1990).
A partir do início dessa década, pode-se concluir que em modelos de estudo onde se estabeleceu condição de homeostase, não houve efeito significativo do laser (NARA et al., 1991; HEIN et al., 1992; WEI YU et al., 1994; Rigau, 1996; POGREL et al., 1997; ALMEIDA-LOPES et al., 1998b).
Os lasers emitindo na região do visível foram os mais utilizados na terapia de cicatrização de feridas, desde MESTER (1966), mas com o advento dos diodos lasers semicondutores os clínicos começaram a trabalhar principalmente com comprimentos de onda emitidos no infravermelho próximo, devido ao baixo custo desses equipamentos. KARU, em 1988, sugeriu um mecanismo de ação diferente para os comprimentos de onda emitidos no visível e no infravermelho próximo, já que alguns autores tinham observado in vitro diferenças significativas quando trabalharam com ambos (ABERGEL et al., 1986; LAN et al., 1986). Com o passar do tempo, essas diferenças de resultados foram confirmadas in vitro por outros grupos de pesquisadores (YOUNG et al., 1989; NARA et al., 1992; LUBART et al., 1992a; 1995; LOEVSCHALL e ARENHOLT-BINDSLEV, 1994; ALMEIDA-LOPES et al., 1998b), e in vivo em modelos animais (AL-WATBAN e ZHANG, 1996), ainda que alguns autores não tenham observado variação nos resultados quando estudos clínicos em pacientes foram feitos (ALMEIDA-LOPES et al., 1999; RODRIGUES et al., 1999).
É claramente observado nos dados da literatura que os efeitos do laser foram dose-dependentes (GIMENEZ e CASADO, 1985; SHIROTO et al., 1989; CHIO et al., 1990; YOUNG et al., 1990; GROSS e JELKMANN, 1990; FUNK et al., 1992; LUBART et al., 1992a; KARU et al., 1995; 1996; 1997). Parâmetros de irradiação, como fluência e irradiância foram altamente relevantes para a obtenção de bons resultados. Os efeitos do laser de baixa potência dependeram da fluência in vitro (RICEVUTI et al., 1989; LUBART et al., 1992a; VAN BREUGEL e bär, 1992; KARU et al., 1996; KARU et al., 1997) e in vivo (AL-WATBAN e ZHANG, 1994; OSTUNI et al., 1994; SKINNER et al., 1996; LUBART et al., 1992b; 1996; 1997) e sua influência dependeu da fase do crescimento celular e do estado fisiológico em que a célula encontrava-se no momento da irradiação (NARA et al., 1991; HUG e HUNTER, 1991; STEINLECHNER e DYSON, 1993; KARU et al.,1995; RIGAU, 1996; GROSSMAN et al., 1998), bem como da freqüência e número de irradiações (POURREAU-SCHNEIDER et al., 1989; SKINNER et al., 1996), já que uma única irradiação não mostrou ser suficiente para a obtenção de algum efeito celular (POGREL et al., 1997).
A fluência administrada, 2 J/cm2, para reparação e cicatrização de feridas em pele e mucosa comprovou-se eficaz em diferentes trabalhos clínicos e laboratoriais (Mester, 1986; 1989; Trelles, 1989a; WEI Yu, 1994; BOLTON et al., 1991; 1992; 1995; SKINNER et al., 1996; WEBB et al., 1998; Almeida-Lopes, 1998b; ALMEIDA-LOPES, 1999) e que em nosso caso corrobora os resultados obtidos.
Fluências muito mais altas que a preconizada pela literatura inibiram a proliferação celular (OHTA et al., 1987; WEI YU et al., 1994; AL-WATBAN e ZHANG, 1995; BOLTON et al., 1995; LOWE et al., 1998; OCAÑA-QUERO et al., 1998) enquanto que fluências muito baixas não apresentaram nenhum tipo de ação (NARA et al., 1992; BOLTON et al., 1995; IN DE BRAEKT et al., 1991; HALL et al., 1994; CHELYSHEV e KUBITSKY, 1995; LOWE et al., 1998).
Para a obtenção de uma ação terapêutica do laser de baixa potência, não foi necessária a irradiação direta do tecido alvo, em muitos estudos in vivo apresentados (WAN et al., 1981; RODRIGO et al., 1985; TRELLES e MAYAYO, 1987; ROCHKIND et al., 1989), já que a irradiação do laser, ainda que local, comprovadamente induz à importantes efeitos sistêmicos.
O efeito estimulativo do laser de baixa potência na proliferação de células in vitro e na cicatrização tecidual in vivo não foi significativo quando células e tecidos encontravam-se em condições ideais de crescimento e manutenção, já que o tempo fisiológico do ciclo celular foi respeitado (HEIN et al., 1992; NARA et al., 1991; HEIN et al., 1992; LOEVSCHALL e ARENHOLT-BINDSLEV, 1994; Ocaña-Quero et al., 1998).
Trabalhos com células in vitro submetidas a algum tipo de condição de estresse, por exemplo déficit nutricional, evidenciaram proliferação significativa nos grupos irradiados com algum tipo de laser de baixa potência (RYHANEN et al., 1982; NARA et al., 1991; STEINLECHNER e DYSON, 1993; ALMEIDA-LOPES et al., 1998b).
O mecanismo de ação do laser no processo de reparação e cicatrização tecidual ainda não está totalmente esclarecido, entretanto, não há dúvida que a radiação laser aumenta o Ca2+ intra-celular (YOUNG et al., 1990; KARU, 1991d; FRIEDMAN e LUBART, 1992; 1996; LUBART et al., 1992b; 1996; 1997; GROSSMAN et al., 1998; LAVIE et al., 1999).
6.2. o Experimento com Células lmf
Estabelecemos uma linhagem a partir de cultivo primário de fibroblastos de gengiva humana, denominada LMF. Para simular condição de estresse celular, propusemos um modelo onde o cultivo estivesse privado parcialmente de nutrientes, ou seja, estivesse em meio DME com quantidade insatisfatória de fatores de crescimento. Observamos durante o crescimento do cultivo que, em condições ideais de nutrição (DME+ 10% de SFB), a divisão celular realizou-se em condições ótimas; então nos grupos irradiados o efeito estimulativo dos lasers utilizados, com a fluência administrada, foi baixo e não significativo. Por outro lado, com os cultivos em condições insuficientes de nutrição (DME + 5% de SFB), a divisão celular ocorreu em condição de estresse, aqui demonstramos que a irradiação com laser produziu um efeito bioestimulativo. Na condição de extrema desnutrição (DME + 0% de SFB) era esperado óbito celular em 48 horas, porém isso aconteceu somente nos grupos controle. Verificamos ainda que, quando os parâmetros de irradiação foram diferentes a resposta celular foi igualmente diferente. Observamos que, mesma fluência e irradiância diferente, com conseqüente diferença no tempo de irradiação entre os grupos irradiados, aumentou a proliferação celular com diferença estatisticamente significativa para ambos os grupos em relação ao controle, com resultados mais efetivos para radiação no infravermelho.
Irradiações de células em cultivo com parâmetros idênticos (mesma fluência e irradiância), evidenciou proliferação celular tanto para comprimento de onda no visível como no infravermelho, com resultados mais efetivos para radiação no visível.
Nossos resultados são corroborados por outros estudos in vivo que usaram como modelo mucosa animal (KUSAKARI et al., 1992; GÓMEZ-VILLAMANDOS et al., 1995; 1997; CRESPI et al., 1997) ou mucosa humana (ALMEIDA-LOPES et al., 1999; RODRIGUES et al., 1999) e estudos in vitro (PORREAU-SCHNEIDER et al., 1989; 1990; LOEVSCHALL e ARENHOLT-BINDSLEV, 1994; Almeida-Lopes, 1998b). Ressalta-se ainda, que os demais trabalhos não foram realizados com fibroblastos de origem oral, que têm comportamento diferente daqueles de origem cutânea.
Obtivemos uma linhagem celular através do método de dispersão enzimática de tecido gengival normal. As células cultivadas foram analisadas por meio de métodos morfológicos e funcionais e caracterizados como fibroblásticas diferenciadas, ou fibroblastos.
A formação da linhagem celular, denominada LMF, foi originada a partir de cultivo primário de fragmentos de gengiva humana normal e livre de enfermidade. Podemos afirmar que a linhagem foi obtida uma vez que houve um aumento do número total de células através de diversas gerações e a população celular predominante apresentou grau de uniformidade (FRESHNEY, 1990).
Os fibroblastos crescem e desenvolvem-se optimamente in vitro quando estão em condições ideais de temperatura, pressão e fatores nutricionais e de crescimento em seu meio de cultivo ideal para fibroblastos é aquele cuja concentração de soro fetal bovino seja de 10% (PAUL, 1993). Tratamos então todos os grupos em condições ideais de temperatura, pressão e umidade e variamos a condição nutricional dos meios de 4 cultivos. Havia um grupo controle com meio DME com 10% de soro fetal bovino, que seria o grupo em condições ideais. Propusemos um modelo de estudo cujos cultivos estivessem com meios em diferentes condições nutricionais, ou seja, diferentes concentrações de soro fetal bovino. Um grupo foi tratado com meio DME com 5% de soro fetal bovino, simulando uma condição de estresse; e outro grupo com meio DME sem soro fetal bovino, simulando uma condição de absoluta deficiência nutricional. A diminuição da concentração de soro fetal bovino no meio diminuiu significativamente o crescimento celular. Nos grupos sem soro fetal bovino o controle não apresentou crescimento algum.
A utilização de meio com concentração de 5% de soro fetal bovino mostrou ser um modelo ideal para a análise da ação do laser de baixa potência, já que o crescimento celular diminui proporcionalmente à concentração de soro. A utilização de meio sem soro fetal bovino mostrou ser um modelo não ideal para análise da ação do laser de baixa potência, já que em 144 horas todos os cultivos morreram, controles e irradiados.
Experimento 1
Os grupos irradiados contendo 10% de soro fetal bovino não apresentaram diferença significativa entre si.
Para os grupos em condições de déficit nutricional com 5% de soro fetal bovino, observamos diferença significativa no número total de células entre os grupos irradiados e entre os irradiados e o controle. Houve maior proliferação celular nos grupos irradiados com o laser emitindo radiação no infravermelho próximo.
De forma a manter a mesma fluência (2J/cm2) para os dois lasers, o laser operando em 670 nm com potência nominal de 4 mW, irradiou os cultivos por um período de 8,3 minutos, enquanto que o laser operando em 780 nm e potência nominal de 50 mW, irradiou os cultivos por um período de 0,7 minutos.
Para os grupos em condição de déficit nutricional absoluto, sem soro fetal bovino, observamos diferença significativa no número total de células entre os grupos irradiados e entre os irradiados e o controle até os 4 dias; depois desse período não houve diferença significativa, já que todos morreram.
Experimento 2
Os grupos irradiados contendo 10% de soro fetal bovino não apresentaram diferença significativa entre si e entre os irradiados e os controle.
Para os grupos em condições de déficit nutricional com 5% de soro fetal bovino, observamos diferença significativa no número total de células entre os grupos irradiados e entre os irradiados e o controle. Houve maior proliferação celular nos grupos irradiados com o laser emitindo radiação no visível.
Neste caso como as potências nominais dos dois lasers utilizados (= 692 nm e 786 nm) eram iguais a 30 mW, para manter a fluência igual a 2J/cm2, utilizamos tempo de exposição igual a 1,1 minutos, para ambos lasers.
Para os grupos em condições de déficit nutricional absoluto, sem soro fetal bovino, observamos diferença significativa no número total de células entre os grupos irradiados e entre os irradiados e o controle até os 4 dias; depois desse período não houve diferença significativa, já que todos morreram.
Experimento 1 e 2
No modelo proposto com condição de déficit nutricional parcial (5% SFB) a aplicação de laser induziu a proliferação celular, comprovando ser um modelo viável. O mesmo não podemos dizer do modelo com condição de déficit nutricional total (sem SFB) uma vez que a maioria das células em todos os grupos estavam mortas após 4 dias do início do experimento.
Quando observamos as curvas de crescimento dos grupos irradiados com concentração de 5% de soro fetal bovino irradiados verificamos que esses grupos atingiram o mesmo número de células que os grupos controle em meio com 10% de soro fetal bovino, sobretudo após 96 horas, que era o crescimento normal. Este aumento pode ter sido induzido pela produção de fatores autócrinos de crescimento, que são fatores que a própria célula sintetiza e que age sobre ela mesma (ALBERTS et al.,1989). O que ratifica que o laser de baixa potência atua como potencializador das funções celulares quando em condições adversas. Nos grupos sem soro fetal bovino os controles não apresentaram crescimento algum enquanto que os irradiados apresentaram crescimento significativamente maior, provavelmente porque a proliferação celular induzida pelo laser produziu a reposição de fatores de crescimento no meio de cultura.
Tendo em vista que as células utilizadas apresentam praticamente a mesma absorção para os dois lasers emitindo radiação nos comprimentos de onda de 670 nm e 692 nm (apêndices 2.a e 2.b), podemos considerar que os resultados obtidos na faixa do visível dependeram fundamentalmente das variações da fluência e irradiância a que foram submetidas as amostras. Esta assertiva é também válida para os lasers emitindo radiação em 780 nm e 786 nm, uma vez que a absorção destes comprimentos de onda pelas células é também praticamente o mesmo (apêndices 2.a e 2.b).
Analisando a curva de crescimento da figura 5.11 (mesma fluência e irradiância), temos que o laser emitindo radiação em 692 nm, induziu maior proliferação celular que o laser emitindo em 786 nm. Comparando o resultado acima com o da figura 5.6 podemos observar que no segundo caso o melhor efeito foi obtido com o laser emitindo na região do infravermelho, levando-nos a inferir que tempos de exposição à radiação muito longos podem levar as células em cultura a uma condição de estresse.
Pudemos observar uma tendência ao alinhamento dos fibroblastos dos grupos irradiados (Fig. 5.4), já citado na literatura por ENWEMEKA et al. em 1990, e inferido pelo trabalho de TANG et al., em 1997. Poderia ser ainda uma das explicações da qualidade estética superior das cicatrizes formadas clinicamente nos pacientes submetidos a essa terapia.
6.3. Discussão Final
Em linhas gerais são numerosos os estudos que se vêm realizando sobre a ação do laser de baixa potência na cicatrização de tecidos e reparação de feridas, principalmente enfocando lesões cutâneas, sobretudo aquelas relacionadas à prática médica (úlceras, queimaduras, feridas cirúrgicas) onde se demonstra aceleração e melhora estética das lesões tratadas. Entretanto, observa-se uma escassez de trabalhos científicos em lesões superficiais de mucosa, e estudos in vitro utilizando fibroblastos de mucosa, talvez devido ao fato de que não exista uma casuística clínica muito extensa, ou a que as complicações do tipo cicatricial não sejam tão freqüentes ou tão graves em odontologia como em dermatologia ou outras especialidades médicas. De qualquer forma, em odontologia existem lesões na mucosa oral, sobretudo aquelas que se apresentam após cirurgias extensas de pacientes imunodeprimidos, sendo a infecção a mais grave delas. Como se observou nos estudos clínicos, existe uma ação terapêutica do laser de baixa potência muito significativa sobretudo na aceleração e qualidade da cicatrização conforme demonstraram diversos resultados encontrados na literatura. A aceleração da cicatrização tecidual fica justificada por resultados obtidos por trabalhos de autores como ABERGEL et al., 1986; POURREAU-SCHNEIDER et al., 1990; TSUCHIDA et al., 1991; VAN BREUGEL et al., 1992; BOLTON et al., 1992; KUSAKARI et al., 1992; NOGUEROL et al., 1994) e outros autores que demonstraram aumento da capacidade mitótica celular e incremento na proliferação de fibroblastos bem como incremento da síntese de colágeno (ABERGEL et al., 1986; LAM et. al., 1989; ENWEMEKA et al., 1990; KERT e ROSE, 1989; HUBACEK et al., 1991; SKINNER et al., 1996). Igualmente TRELLES e MESTER, 1984; KAMEYA et al., 1995; WEI YU et al., 1997a e REDDY, et al., 1998, indicaram que a radiação laser favorece a formação precoce de tecido de granulação bem como da vascularização local (KUBOTA e OHSHIRO, 1989; MAIER et al., 1990, WEI YU et al., 1997a).
Portanto, à vista da bibliografia compulsada, parece ser um princípio fundamental aplicar-se o laser de baixa potência nas primeiras 24 horas após a injúria, pois é nessa fase que se observa, nas áreas irradiadas, uma maior afluência de elementos defensivos e um elevado número de mitoses das células do estrato germinativo. Tudo isso provocará a retirada precoce de detritos tissulares da lesão, favorecendo a formação de tecido de granulação nas sessões seguintes à irradiação e, em conseqüência, aceleração do processo de cicatrização, como se evidencia nos resultados macroscópicos relatados na literatura. Observamos que naqueles trabalhos onde a irradiação com laser foi realizada alguns dias após a injúria, não foi observada alteração significativa do tempo do processo cicatricial (SMITH et al., 1992).
Por outro lado, o número de brotos vasculares encontrados nas áreas de mucosa irradiada aumenta a reabsorção de restos celulares e aporte de elementos de defesa, contribuindo também para a aceleração do processo cicatricial das lesões, como indicam EL SAYAD e DYSON, 1990; VAN BREUGEL e BÄR, 1992; LUBART et al., 1997; WEBB et al., 1998.
Sabemos ainda que a infecção constitui talvez o motivo mais importante do atraso e inclusive do fracasso na cicatrização de feridas, queimaduras, úlceras, entre outras lesões, motivo pelo qual se presta especial atenção à administração de antibioticoterapia preventiva nesses pacientes. Observamos nos dados da literatura que o laser tem ainda uma ação direta que favorece a prevenção de infecção em nível local (LIEVENS, 1991; FILONENKO, 1995; GÓMEZ-VILLAMANDOS et al., 1997; SASAKI e OHSHIRO , 1997). Esta ação deve-se a vários fatores, entre eles sua ação sobre a microcirculação local, originando maior aporte sangüíneo na região irradiada com conseqüente aumento de elementos defensivos humorais, assim como efeito sobre o trofismo local que provoca um incremento na capacidade fagocitária pelo aumento de macrófagos na zona afetada (HUBACEK et al., 1985; KARU et al., 1989; YOUNG et al., 1989; SILVEIRA et al., 1991).
Como conclusão, estes trabalhos evidenciaram claro efeito terapêutico nas lesões irradiadas com laser, efeito que se traduziu em cicatrização antecipada e ausência de sinais de infecção, tanto microscopicamente como macroscopicamente.
Nossos resultados substanciam esta ação e sugerem que, em fibroblastos de mucosa oral, a ação se dará da mesma maneira. Por outro lado, levam-nos a inferir que pacientes com algum comprometimento do processo de reparação são os que deverão ter maior benefício quando submetidos a esse tipo de terapia.
O laser de baixa potência possibilita um tratamento fácil e de baixo custo, podendo substituir ou complementar diversas terapias tanto na clínica médica como na odontológica.
Apesar de diversos trabalhos corroborarem o efeito bioestimulador do laser de baixa potência, são necessárias mais pesquisas e comprovações clínicas com a finalidade de determinar suas ações sobre a particularidade de cada quadro patológico. Faz-se também necessário uma padronização rigorosa quanto à variação de parâmetros de irradiação tais como comprimento de onda, fluência, irradiância e número de sessões de aplicação de forma a obter-se resultados reproduzíveis.
7. Conclusões
7. Conclusões
Para fibroblastos de gengiva humana em cultura podemos concluir que:
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O cultivo primário com aspecto fibroblástico pode ser obtido a partir de fragmentos de gengiva humana normal, obtendo-se linhagem estável.
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A utilização de concentração de 5% de soro fetal bovino mostrou ser um modelo ideal para a análise da ação dos lasers operando em baixa potência, porque o crescimento celular diminui proporcionalmente à concentração de soro fetal bovino.
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A fluência administrada, 2 J/cm2, estimula o crescimento de fibroblastos de gengiva humana que estejam em déficit nutricional.
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O efeito dos laseres em fibroblastos in vitro que estejam em estado de déficit nutricional absoluto (sem SFB) está limitado à manutenção do número de células viáveis inicial; foi verificada a existência do efeito estimulativo do laser de baixa potência na proliferação de fibroblastos in vitro que estejam em estado de déficit nutricional (com 5% de SFB); o efeito estimulativo dos laseres na proliferação de fibroblastos in vitro que estejam em condições ideais de crescimento (com 10% de SFB), com a fluência ora adminsitrada, é baixo e não significativo.
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Experimentos com comprimento de onda operando em 670 nm revelaram que o tempo de exposição da célula à radiação laser pode determinar a resposta celular, sendo que menor tempo de irradiação mostrou ser mais eficaz na indução da proliferação celular. Para irradiações de células em cultivo com parâmetros idênticos (mesma fluência e irradiância), evidenciamos proliferação celular tanto para comprimento de onda no visível como no infravermelho próximo, com resultados mais efetivos para o primeiro caso.
Apêndices
Apêndices
Apêndice 1: Parcer n.º 33/99.
Apêndice 2.a: Número de células viáveis (x 103) para os grupos controles que não receberam irradiação, nos fibroblastos LMF, nos diferentes períodos experimentais. Para obtenção da média os grupos foram contados em triplicata.
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N.º células x 10 3+ erro da média
| GRUPO |
SFB
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2 dias
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4 dias
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6 dias
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4 x 10 3
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0
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0
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2 x 10 3
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0
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0
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2 x 10 3
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0
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0
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2 x 10 3
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0
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0
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0
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0
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0
| A |
0%
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2,67 + 0,67
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0,33 + 0,33
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0 + 0
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6 x 10 3
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46 x 10 3
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50 x 10 3
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4 x 10 3
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44 x 10 3
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46 x 10 3
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2 x 10 3
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56 x 10 3
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46 x 10 3
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26 x 10 3
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14 x 10 3
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18 x 10 3
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24 x 10 3
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22 x 10 3
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6 x 10 3
| B |
5%
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4,00 + 1,15
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31,00 + 7,69
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35,33 + 6,28
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10 x 10 3
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20 x 10 3
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46 x 10 3
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14 x 10 3
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16 x 10 3
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82 x 10 3
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14 x 10 3
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12 x 10 3
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90 x 10 3
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26 x 10 3
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68 x 10 3
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24 x 10 3
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90 x 10 3
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32 x 10 3
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78 x 10 3
| C |
10%
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12,67 + 1,33
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21,67 + 2,94
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75,67 + 6,82
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Do'stlaringiz bilan baham: |